Silêncio...
Subitamente, escutei o choro do corvo.
A quietude da brisa, aquecendo a calidez do caminho, quando as torres escondem a negritude do dia.
As minhas botas estacaram, como por vontade própria, e ergui os olhos aos céus, como sempre o fiz... Vezes incontáveis, em noites como esta...
Este foi o espectáculo com que me deparei e esta é a sua história:
Quem, de nós aqui
Ansia por descer às profundezas,
Tão célere quanto o Abismo engole?
Sofrendo pacientemente, com firmeza, em silêncio,
Em solidão...
Em solidão!
Pois quem se atreveria
A ser um convidado aqui,
Ser o teu convidado?
Uma ave de rapina, talvez
Pudesse ela dependurar-se
Com malícia, no cabelo
Do sofredor firme,
Com uma suave gargalhada louca...
O riso demente de uma ave.
"Porque tão firmemente te seguras?"
Ali, ela escarnece destilando crueldade:
"São necessárias asas, quando se gosta do Abismo..."
Dentro de pouco, ainda caçador de Deuses,
Rede de pesca de toda a virtude,
Seta contra o Mal!
Agora,
Caçado por ti próprio,
Presa de ti mesmo,
Profundamente em ti, tão enraizado...
Agora,
Sózinho contigo mesmo,
Dividido na tua própria sabedoria,
No meio de centenas de espelhos
Uma fraude perante ti mesmo,
Entre centenas de memórias-fantasma...
Inseguro
Cansado de todas as feridas,
Vagueando em gelo,
Estrangulado pelos teus próprios laços...
Conhecedor de ti mesmo,
Réu de ti mesmo,
Juíz de ti mesmo,
Executor de ti mesmo.
Rapidamente eremita sem Deus,
Confrontando os demónios de frente,
Os soberbos príncipes escarlate,
Rubros de prazer, culpa, sangue, paixão, ódio e amor.
No carmim intemporal da inflamada intensidade...
Não é possível ficar suspenso para sempre,
Como tu,
Homem Dependurado!
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
domingo, 7 de setembro de 2008
"No princípio era o Caos..." ou "Of Chaos and Man"
Tenho muitos nomes mas apenas uma natureza, e essa natureza única vincula-me a certas leis que não afectam a esmagadora maioria dos seres e criaturas.
Viajo através do passado remoto e incalculável...
Ou talvez através do futuro distante.
Venho de uma época em que a palavra dada era lei e a honra constituía a pedra basilar de uma conduta.
Contemplei maravilhas indescritíveis e fui assolado por horrores inomináveis.
Lancei-me em abismos, fui elevado a píncaros, desci às profundezas e escalei escarpas ingremes...
Todas estas (sobre)vivências são destiladas nos quatro fluidos primordiais, que pingam da minha pena: sangue, lágrimas, esperma e suor.
Isto é tudo o que necessitam de saber sobre mim.
Chamam-me o Viajante de Negro.
Não peço que me sigam, a mim ou à(s) minha(s) viagem(ns). Aliás, ficaria extremamente desapontado se o fizessem...
Contudo não deixarei para trás aqueles que tiverem a coragem de caminhar a meu lado. Tentem acompanhar a passada.
Viajo através do passado remoto e incalculável...
Ou talvez através do futuro distante.
Venho de uma época em que a palavra dada era lei e a honra constituía a pedra basilar de uma conduta.
Contemplei maravilhas indescritíveis e fui assolado por horrores inomináveis.
Lancei-me em abismos, fui elevado a píncaros, desci às profundezas e escalei escarpas ingremes...
Todas estas (sobre)vivências são destiladas nos quatro fluidos primordiais, que pingam da minha pena: sangue, lágrimas, esperma e suor.
Isto é tudo o que necessitam de saber sobre mim.
Chamam-me o Viajante de Negro.
Não peço que me sigam, a mim ou à(s) minha(s) viagem(ns). Aliás, ficaria extremamente desapontado se o fizessem...
Contudo não deixarei para trás aqueles que tiverem a coragem de caminhar a meu lado. Tentem acompanhar a passada.
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